segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Odebrecht banca estádio do Corinthians

Odebrecht banca estádio do Corinthians

Por André Borges | De Brasília
Shuji Kajiyama/AP / Shuji Kajiyama/APOntem, em Yokohama (Japão), o Corinthians venceu o inglês Chelsea por 1 a 0 e conquistou o título de campeão do Mundial de Clubes, da Fifa: festa no gramado
O impasse entre a Odebrecht e o Banco do Brasil sobre as regras para liberar o financiamento de R$ 400 milhões do BNDES à Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, já levou a construtora a fazer um desembolso milionário de seu próprio caixa para que a obra não seja paralisada.
A empreiteira já sacou mais de R$ 100 milhões de sua própria conta para bancar a obra, um dinheiro que, pelo plano original, deveria ter origem nos cofres públicos do BNDES. A decisão de assumir a fatura mensal do Itaquerão foi tomada pela construtora porque os recursos obtidos por meio de dois "empréstimos-ponte" já feitos pela Odebrecht - um com o Banco do Brasil, no valor de R$ 150 milhões, e outro com o Santander, que financiou outros R$ 100 milhões - se esgotaram.
O Valor apurou que, com o agravamento da situação financeira do estádio e a imensa dificuldade de acordo entre a Odebrecht e o Banco do Brasil - que atua na operação como agente repassador do empréstimo do BNDES -, a empreiteira já avalia alternativas para abastecer o caixa e não comprometer o cronograma da obra. Entre as opções colocadas na mesa está a possibilidade de realizar um terceiro empréstimo-ponte. A empresa também já consultou grandes bancos e tem pré-aprovação para fazer um terceiro saque a qualquer momento.
A hipótese mais aguardada pela construtora, no entanto, é a Prefeitura de São Paulo emitir, ainda neste ano, os Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CID), títulos que deverão ser repassados à Odebrecht para serem oferecidos ao mercado. Segundo uma fonte que atua junto às negociações, a expectativa é de que cerca de R$ 100 milhões em títulos sejam emitidos pela prefeitura paulistana. Ao todo, o projeto receberá R$ 420 milhões em incentivos fiscais concedidos pela Prefeitura de São Paulo.
O fato é que, até agora, nem títulos de prefeitura ou financiamento do BNDES pingaram no canteiro de obras do Itaquerão. Uma fonte que participa diretamente das negociações afirmou ao Valor que a Odebrecht fez uma nova sugestão ao Banco do Brasil, para convencer o BB a aceitar a proposta de garantia da empreiteira e, assim, liberar o financiamento do BNDES.
Para convencer o banco, a empresa sugeriu a criação de uma "poupança" que seria usada para garantir seis meses de pagamento do empréstimo tomado. O recurso ficaria bloqueado e só seria acionado se houvesse atrasos no pagamento da dívida.
O programa ProCopa Arenas do BNDES prevê uma carência de três anos após o início de operação do estádio. O prazo de quitação da dívida é de 12 anos. O BB aceita os termos da proposta da Odebrecht, desde que a empreiteira também seja a gestora responsável pelo estádio. Acontece que o Corinthians, que nada tem a ver com discussões sobre garantias para tomada de empréstimo, não abre mão, em hipótese alguma, de fazer a gestão de sua arena.
A queda de braço segue indefinida. O programa ProCopa Arenas, que acabaria no dia 31 de dezembro, deve ser prorrogado novamente, por mais 180 dias. No Banco do Brasil, a convicção é de que a proposta de garantia da Odebrecht não fica de pé. Para liberar o financiamento, o banco exige que a construtora submeta seus bens como garantia de execução, em caso de inadimplência. A empreiteira resiste, sob alegação de que não pode ser avalista de um empreendimento em que ela figura apenas como prestadora de serviço.
As obras da Arena Corinthians seguem em andamento, com mais de 30 dias adiantada em relação ao cronograma original. A Odebrecht já entregou 55% do projeto, que tem custo total de R$ 820 milhões e previsão de ser concluído até dezembro de 2013.

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